domingo, 8 de setembro de 2013

Notas de Tensão #6

Notas de Tensão (Diatônicas)

Nomenclatura: Uso do nome dos modos para visualização das relações intervalares -

Para se falar sobre escalas e acordes, o nome dos modos, foi diversas vezes abordado. Apesar de fazerem muita confusão,  é um assunto simples: 

Os acordes são escalas, com suas notas estruturadas em terças e, por sua vez, as escalas são acordes com suas terças desfeitas e recolocadas na ordem.

A cada tipo acorde, temos uma relação intervalar entre sua fundamental e todas as outras notas. Este acorde com sua relação recolocada em ordem gera um tipo de escala.

Na música modal, usavam-se diferentes tipos de relação entre o tom e suas notas. Por isso, os modos hoje, servem como modelos de escalas. Não se trata de musica modal, mas de se usar o nome do modo no acorde ou escala, que tem relações intervalares iguais a dele.

Na música tonal, temos uma Tônica, a nota de repouso, definida culturalmente e que, por sua vez, predefine a estrutura de sua escala e por conseguinte suas notas, acordes e funções. Porém, não há uma lei da Física que proíba o descanso em outros graus daquela mesma escala.

Por isso, com toda a certeza, pode-se repousar onde quiser. E isso é o Modalismo,  um sistema que por sua simples sistematização e pouca variação e, ao mesmo tempo, pouca previsibilidade, foi aos poucos dando espaço ao Tonalismo e suas preparações, resoluções, modulações etc...

Lembremos:




Vejamos a escala e seus modos:
Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó
     Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré
          Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi
              Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá
                  Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol
                       Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá
                        Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

Os modos nada mais são, do que começar a mesma escala por cada uma das notas que a compõem.

Em intervalos Tom (T) e Semi-tom (ST):

T T ST T T T ST
   T ST T T T ST T
       ST T T T ST T T 
             T T T ST T T ST
                 T T ST T T ST T
                        ST T T ST T T

O grau I tem a mesma estrutura do antigo modo Jônico
O grau II tem a mesma estrutura do antigo modo Dórico
O grau III tem a mesma estrutura do antigo modo Frígio
O grau IV tem a mesma estrutura do antigo modo Lídio
O grau V tem a mesma estrutura do antigo modo Mixolídio
O grau VI tem a mesma estrutura do antigo modo Eólio
O grau VII tem a mesma estrutura do antigo modo Lócrio

Todo grau I é um acorde Maior.
Todo grau II é um acorde Menor.
Todo grau III é um acorde Menor.
Todo grau IV é um acorde Maior.
Todo grau V é um acorde Maior.
Todo grau VI é um acorde Menor.
Todo grau VII é um acorde Diminuto.

Cruzando as informações temos os tipos de acorde e seus tipos de escala:

Maior - Modos Jônico, Lídio e Mixolídio

Menor - Modos Dórico, Frígio, Eólio e Lócrio

Cada grau terá sua possibilidade de usar tensão ou não, de acordo com suas notas disponíveis. O uso das notas "pares" da escala de cada acorde 2, 4 e 6 ou 9, 11 e 13 como Notas de Tensão (NT) ou Notas de Passagem (NP), na verdade, é que vai caracterizar a sua posição real. Como no exemplo bem acima um Am9 no tom de Fá, não traduz sua escala de origem e por isso, não demonstra nem soa, sua real posição de grau III.

A grande brincadeira é: posicionar ou re-posicionar o acorde pelo uso da escala ou das tensões.
Pode-se fazer um acorde menor ocupando qualquer posição, soar Dórico, Frígio ou Eólio, basta adicionar as tensões respectivas de cada grau ou tocar a escala de cada grau sobre ele. Veja:

Ao se adicionar ao Am7 as tensões (9 11 e13) soa Dórico, soa tom de G

Ao se adicionar ao Am7 a tensão (11) e passar pela b9 e b13, soa Frígio, soa tom de F

Ao se adicionar ao Am7 as tensões (9 e 11) e passar pela b13, soa Eólio, soa tom de C.

Note que Am7(11), pode estar em qualquer grau. Não tem nada que soe característico. É necessário que haja uma melodia ou mais notas para se definir a origem.

Os modos que permitem o uso de todas as tensões são o Lídio, no caso do acorde maior e o Dórico, no caso do menor. Estes modos correspondem aos graus IV e II, respectivamente. Por isso é preciso cuidado para não "lidiar" todos os acordes maiores, transformando a todos em grau IV, pelo uso das tensões e nem transformar todos os menores, em Dórico (II grau).
Ex: Acorde Dm7 (I grau de Ré menor)
com todas as tensões (9, 11 e 13) não é característico do tom, pois a tensão 13, é a nota Si, que não faz parte do tom Dm e sim, do tom C. Veja: 

Escala de Dm:     Ré Mi Fá Sol Lá Sib Dó Ré  é o modo Eólio
Escala de C:   Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si  Dó  ou começando por Ré: 
                         Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó   que é o modo Dórico.

Em Dm, o Si seria bemol (Sib) e não seria nota de tensão (NT), nem nota de acorde (NA): seria nota de passagem (NP). O acorde com tensões, mais tonal, seria Dm7 (9 11).

Ao usar o Si, trazemos à tona outro contexto: II grau de Dó, onde Dm7 tem as tensões (9, 11 e 13). É como se momentaneamente o contexto fosse C. É claro que a tônica da música é a nota Ré e os outros acordes combinados, cadenciam neste tom, fazendo com que não soe C. Porém também não soa um Dm característico, pois falta a ele uma nota de sua escala, trocada por outra de outra tonalidade.

Há casos em que pode-se acabar simulando mudança de tom, o que às vezes, não é interessante, sonoro e nem foi buscado (intencional). 

Superposição de acordes-

Quase todas as superposições são baseadas nestes dois modos e é fácil pensar assim:
Sobre um acorde de Xm, para visualizarmos todas as tensões possíveis,  podemos sobrepor um acorde igual um tom acima, preservando a "regra", já que, cada nota do segundo estará distante um tom das notas do primeiro e corresponderão às notas de tensão.

Ex: Sobre um Dm7 (Ré Fá Lá Dó) pensar num Em7 (Mi Sol Si Ré), ali estariam todas as tensões diatônicas para se escolher. Caso sejam sobrepostos, o efeito seria dórico, um acorde de Dm7(9,11e 13) típico do tom de C ou Am.

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