...A percepção requer dois tempos de análise, um infantil onde a pureza assimila com frescor as novas informações e outro senil com experiência eclesiástica (debaixo do sol não há nada novo) onde nada se cria ou se perde e tudo se transforma... Da dinâmica entre a lacuna e a palavra o tempo nos traz o mais precioso -a consciência –certeza da imagem e semelhança entre o problema real e a questão filosófica, tornando o problema sempre em soma...
Então o mestre veio e disse-lhe que chegara o momento de amadurecer mais um pouco e propôs uma questão: qual seria a arma mais difícil de se usar, a cruz ou a espada? Não queria uma resposta e sim uma reflexão... Talvez, para ele, aquele fosse um dos últimos ensinamentos, a espada era a última arma e ele sabia que era necessária responsabilidade para empunhá-la com justiça.
A questão continha a informação de que a cruz também era uma arma, apesar de não se ouvir iniciantes dizerem isso naqueles corredores. Isso alimentou sua idéia de que já estava prestes a se tornar iniciado, o fim da relação aluno-mestre. Dali a diante o caminho seria só... Acertando ou errando... Então ficou com medo. Um medo que só sentiu na véspera de seguir para o templo.
Já sabia também, que o medo era velho, precedendo mudança e sabedoria para quem se conscientiza, assim, pôde perceber a importância desta última questão. Resolvê-la bem o prepararia melhor para o futuro. Depois de algum tempo ele então inspirou e disse ao mestre:
...Decerto a cruz é mais dificil, pois há que se ter domínio completo de sua consciência para ao invés de empunhar a espada contra o inimigo, se esticar a mão... Assim também, como todos os outros atos de perdão e misericórdia, tão contrários ao impulso que nos tira do caminho...
O mestre sorriu e ajuntou: o coração pobre e humilde porque quer... Bom porque é bom ser bom... Que é de um rei que anda no meio do povo... Que passou tempos aprendendo a arte da guerra somente para poder negá-la... A cruz é poder negar a si... Muito bem... Agora vai.
Eu Mes
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