Salve! Salve! Me chamo Marcelo Martins de Marsillac, mais conhecido no bairro como China. Já toquei muito Raul na pracinha e agora que o Paulo Almeida não poderá mais continuar, fui honrado com o convite, da direção do jornal, para assumir a coluna de música.
Espero poder colaborar, compartilhando experiências e trazendo questões interessantes e relevantes para discussão, através de tudo que se relaciona com a música. Sucesso Paulo! Obrigado Renata e Ricardo!
Bom, a primeira tarefa para que fui designado, foi apresentar meu trabalho. Como sou avesso a apresentação curricular, vou tentar contar, numa ordem cronológica, as coisas que me foram acontecendo, muitas vezes, por acaso ou necessidade.
Como sempre gostei de música, sem perceber, fui me tornando um colecionador de discos e pesquisador de música: Comprei disco do Boca Livre e conheci Geraldo Azevedo, num disco dele, conheci Elomar, no outro, Dori Caymmi. E foi assim com Milton, Djavan, Chico, Elis, sempre conhecia um através do outro, lia a ficha técnica e corria atrás dos músicos, produtores, arranjadores e compositores.
Paralelo a isso, começei a tocar violão e meio que por conseqüência, compor músicas (com e sem letra) pois, antes disso, já era metido a escrever poesia. Ouvindo aqueles discos, fui apresentado a muitas composições e sonoridades, sons da viola caipira, violão de 12 e me tornei, aos poucos, um compulsivo por instrumentos de corda.
Mais tarde foi havendo a necessidade de compreender e escrever o que fazia com os parceiros e comparsas, para registro e gravação, por isso, estudei percepção, teoria, harmonia e arranjo. O que me permitiu trabalhar, para outros também, com edição de partituras pra registro, arranjos, produção de faixas ou discos, arregimentação de músicos para eventos ou gravação e direção musical.
O maior crescimento foi dar aula: dominar os conteúdos pra poder abordar o mesmo assunto de diversas formas e influenciar o mínimo possível na escolha e no gosto dos alunos, sendo um amigo mais experiente, que não ensina, mas que ajuda a assimilar, mostrando um novo ponto de vista ou vários.
Como instrumentista e cantor, fui tocando nos "bailes" e na "noite", ganhando experiência, repertório, confiança e aprendendo que existem mundos distintos dentro da música: os músicos que "tocam de ouvido" e os que "tocam por música". Na maioria das vezes, ao se colocar a partitura na frente de alguém que toca de ouvido o cara trava. Da mesma forma, se tirar a partitura de alguém que lê, o cara esquece até o nome.
Poucos navegam, à vontade, nas duas praias. Mas ambas são importantes para a vivência plena da música. Infelizmente, enquanto uma está mais voltada para o entretenimento, a outra está mais voltada pra arte. É claro que o ideal seria que houvesse uma convergência e, dessa interação, surgisse uma música de qualidade de que gostássemos e consumíssemos.
Hoje, porém são realidades bem distantes. O que dá dinheiro, quase sempre, não é o que o músico gosta de tocar e vice-versa. Atualmente, existem raras exceções e deveríamos, como sociedade, correr atrás disso. Mas para mudar é necessário educação.
Uma vez, o Lenine disse no Jô, que os discos da tropicália eram esquisitos e os shows fenomenais. Ao contrário do show do pessoal do clube da esquina, que deixava a desejar, se comparado aos seus discos. E ele procurou por toda sua carreira fazer "discos do clube da esquina" e "shows do Gil, Caetano e Mutantes". Também existe muita diferença entre os mundos do palco e do estúdio.
Vou tentando me equilibrar na corda bamba, entre o entretenimento e a arte, o estúdio e o palco, a partitura e o ouvido, trabalhando como professor e compositor, atuando como músico em várias bandas e integrante de alguns grupos, entre eles o Toque de arte, grupo vocal de samba, que, creio, ser o que tem mais destaque, com dois discos e um DVD (em processo de finalização).
Até a próxima!!!
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