quinta-feira, 27 de abril de 2017

Coluna de Abril/17 para o Jornal Portal

Desde de quando comecei a tocar, nas mais variadas situações, ouço comentários do tipo: “Você é músico, claro que entende o que eu estou dizendo.” Ou então: “Vocês, músicos, têm mais sensibilidade.”
Curiosamente, esses dias, recebi, da minha querida amiga flautista e educadora Maria Antônia Lacerda, um vídeo documentário, que mostra o quanto nosso cérebro se “ilumina” quando é exposto a música, fator que mais fez aumentar a atividade cerebral, nos mapeamentos feitos por ressonância e tomografia, em voluntários nas mais diversas situações. 
Esse fato chamou a atenção dos neurocientistas, que resolveram fazer o experimento não apenas com ouvintes, mas também com músicos. Observando que tocar, faz com que o cérebro pareça um festival de fogos de artifício, exigindo uma total integração entre as diversas áreas do cortéx.
Para saber se isso significava ganhos generalizados, participantes que não eram músicos começaram a tocar e obtiveram melhoras nas atividades extra música, alcançadas pelo aumento da concentração, cooperação, memória, planejamento e estratégia. Para tocar, é preciso acessar várias camadas simultaneamente como: ritmo, melodia, harmonia, leitura, emoção, lembranças, memória, interpretação, criação, sensações e movimentos.
Na minha vivência, relaciono, ainda, o mundo dos músicos ao humor, com piadas, jogos e brincadeiras, às vezes ácidas, que exigem raciocínio rápido. Além de conhecer muitos que também são prodígios em outras áreas, ligadas a matemática, sendo quase impossível saber do que mais gostam.  
A percepção, apesar de estar ligada a todos os cinco sentidos, ultrapassa a cognição, que é a aferição das cores, tamanhos, formas, distâncias, texturas, sabores, temperaturas, ruídos e odores. Dando início ao processo de interpretação, relacionando as informações, memórias e afetos. E é a ferramenta principal do músico.
Ronaldo Paladini, meu “pai musical” - como se intitula - quando me recebe em sua casa, abre vários tipos de cerveja, vinhos, cigarros, pastinhas e aperitivos para tocarmos. A cada trago um comentário sobre aquele sabor, aroma, textura ou acorde, tudo no mesmo raciocínio. A música, além da profissão, nos permite perceber - observar, aprender, reconhecer e valorizar - as coisas boas da vida, através dos amigos e das experiências.
Perceber é contextualizar, criar relações. E como essas relações se dão entre planos paralelos, eu diria que perceber é uma forma de traduzir. Pois, permite que a mensagem chegue, como se estivesse na mesma língua e possa criar empatia. Do intra, para o interpessoal. Para isso, é fundamental saber o que o outro toca, o que o outro diz. O singular dá lugar ao plural, as coisas se misturam e se tornam pessoais, assumindo um novo lugar na vida de cada um. 
Para traduzir, nosso cérebro, através do inconsciente, faz analogias que chamamos de metáfora. Nos mitos e parábolas, frequentemente, se usa essa comparação que se adapta a cada tempo, pois a percepção contextualiza e traduz para uma cena mais contemporânea. Isso nos permite falar sobre temas mais difíceis de um jeito mais fácil, evitar algum tipo de censura e contar a mesma história para crianças e adultos.
Numa orquestra, seus instrumentos específicos, com diferentes timbres, movimentos e momentos de ataque, tocam simultaneamente, notas e frases distintas se complementando e cumprindo seu papel na metáfora da música. Mas poderíamos usar como analogia um corpo, cujos orgãos têm funções diferentes e contribuem para um mesmo objetivo. Ou, então, uma cidade, um planeta ou sistema solar... Tudo que se soma e se equilibra.
Essa forma de analisar e proceder, contextualizar e traduzir, possibilitou, para mim, um estilo musical de viver, buscando sempre a harmonia. Já que, em última análise, ela representa toda a simultaneidade da música. 
Assim, desde a cozinha, saindo da massa, do molho, do risoto e da água mineral, das cervejas que faço com meu amigo Lauro J. Oliveira da Silva, das texturas que se transformarão em paladares diferentes do ovo frito, cozido, quente, mexido ou pochê; tudo é coisa musical... Passando pela reforma da casa, procurando equilibrar o espaço, a temperatura, a limpeza, a economia, a praticidade, o conforto e a beleza; tudo é coisa musical... (Chá de panela - Guinga e Aldir Blanc)
Até a prova de física. Um dia resolvi uma questão sem ter estudado. Fazendo analogia musical. O filme: Ben-Hur, antes da corrida de bigas, o velho explica que o cavalo mais lento faz a curva por dentro para segurar o mais rápido. A questão: Duas chapas feitas de materiais distintos e diferentes coeficientes de dilatação, se esquentadas envergam para qual lado ou não se movem?

Até a próxima!

Coluna de Março/17 para o Jornal Portal

Você é músico? Mas, trabalha com o quê? Esta é a pergunta que mais ouvi na vida. E como sou um otimista, prefiro lembrar que já houve um tempo em que seria bem desconfortável respondê-la, por isso, sigo em frente e de cabeça erguida. A razão pela qual as pessoas são levadas a reagir a resposta, chateia mais do que a segunda pergunta.
Acredito que exista, na maioria das vezes, uma surpresa e que não haja a intenção de insinuações. Essa surpresa a que me refiro, é uma exclamação, proveniente da constatação de que é possível se viver de música e, mais profundamente, de que, tendo coragem, se pode fazer o que gosta.  
Existe uma grande incoerência relacionada a essa pergunta, obviamente, se o músico tem sua imagem conhecida ou relacionada a um artista renomado, sua vida ganha o atestado de normalidade e, até, permissão para ser excêntrico. Passando a ter credibilidade, para chancelar a qualidade de produtos, serviços e, até mesmo, de outros artistas. Ainda assim, há dúvidas sobre a profissão: trabalham ou se divertem? 
Se ele não é famoso, sua rotina é estranha, fora do quadrado. Ele não trabalha igual a todos, aliás, não há dúvidas: não trabalha! Ganha para tocar? Que bon vivant! Ninguém o conhece, portanto, ainda não lhe foi permitido ser diferente. Temos uma tendência a não reconhecer e a não valorizar o trabalho alheio.
Além disso, está enraizada em nós, talvez pela culpa católica, a dicotomia entre trabalho e satisfação, que não podem se misturar sem um enorme tormento. Já passou da hora de negligenciarmos isso. O trabalho não é nocivo e não existe a necessidade de se viver insatisfeito com ele.
Hoje, dizemos com veemência aos nossos filhos para não escolherem uma profissão onde não ganhem bem - isso é quase unânime. Essa escolha que só visa dinheiro, é a opção de não se realizar pessoal e profissionalmente e, também, a permissão para que este emprego seja a prioridade, mesmo que torturante, já que provém o sustento e o prazer (fora dele).
Trabalhar é transformar. Não é fuga, trampolim social e nem deveria ser o motivo de doenças. Falando nisso, um dos seus médicos, provavelmente, escolheu medicina por dinheiro, sabia? O médico deveria gostar de gente.
A necessidade explica, mas não justifica um mundo onde as vocações são desprezadas. Onde não se contabiliza a satisfação de quem trabalha. Não com as condições e ambiente de trabalho, mas com o exercício de sua profissão. É claro que uns optariam pelo dinheiro no lugar da vocação, outros demorariam para conhecê-la e outros se surpreenderiam com algo inesperado. Mas deveria ser norma, estimular as vocações naturais.
O advogado que toca cavaquinho, pode ter prazer em duas profissões. Somos plurais e não devemos sufocar nossos talentos, afinal são frutos que vêm de dentro de nós, espontaneamente. Muitos gênios da ciência e da arte tiveram várias profissões, pois sentiam-se capazes de exercê-las. Outros porém, sentiam-se incompreendidos, pois queriam trabalhar com o que amavam. 
Gostar de trabalhar é diferente de trabalhar com o que se gosta. Compreender que algo que fazemos com muito prazer, pode se tornar nosso ofício, é raro, pois, desde muito cedo, aprendemos a desvinculá-los. 
Gilberto Gil teve grande dificuldade de assumir a vida de músico: como trabalhar com algo que faria até de graça? Era músico amador. E essa palavra, apesar de desgastada pelo uso, significa: quem faz por amor. E, muitas vezes, faz com muito mais dedicação e zelo, do que os outros.
Preferiria que o mundo fosse dos amadores - dos que amam. Dos que se divertem fazendo o que amam e, porque amam, se dedicam e podem ser únicos no que se dispõe a fazer. Por isso, é muito bom ter em mente que emprego e trabalho são coisas distintas, que deveríamos tentar juntar.
O maior boicote que damos em nós mesmos, é sermos infelizes. Criando desculpas e barreiras para não nos permitirmos. Não falo de ter ou gastar, mas de SER. Ser quem somos!
Batendo papo com o vestibulando aqui de casa, sou categórico: Escolha trabalhar com o que gosta. Assim, nunca mais terá que trabalhar. É claro que isso não faz os problemas desaparecem, nem nos deixa imunes a ter que lidar com eles, para tentar resolvê-los, mas nos salva de uma vida triste, autômata e cinza.
Que tal colorir seus dias com sorrisos, dedicando-se ao que ama? 

Até a próxima!

Coluna de Fevereiro/17 para o Jornal Portal

Ouvi uma vez que só existiam dois tipos de música: a boa e a ruim. Mas não aprendi, nesta mesma oportunidade, a forma de distingui-las. Obviamente, cada um de nós sabe quais músicas e gêneros que mais nos agradam ou desagradam. Por isso, apesar de todos concordarmos com tal afirmação, devido a sua subjetividade, não é possível se definir através dela, qual é qual, para separarmos o joio do trigo.
O que é bom? É o que está na mídia? Não? Então, seria o que não está? Qualquer música que não está na mídia é boa? E as que estão, todas são ruins? Dizia um slogan do canal futura que não são as respostas que movem o homem e, sim, as perguntas. Então, ao invés de uma resposta, a forma mais segura de lidar com tais questões, é nos manter questionando.
Quem poderia nos dizer o que é bom? Um crítico? Será que ele teria condições técnicas de fazer essa avaliação? Um professor? O que mais deve agradar num artista é sua capacidade técnica? O que deveria ser avaliado? Emoção, afinação, beleza, vendagem, likes, carisma, atitudes, etc? Sua vida pessoal seria importante? Sua posição política e ideológica?
É difícil imaginar que alguém consiga nos agradar 100%. Às vezes, também, não gostamos de algo que várias pessoas a nossa volta gostam. Afinal, gosto é gosto. E a partir daí, passando pelo inevitável bordão: “É impossível agradar a todos”, chegamos à maior desconstrução histórica da arte e da cultura, onde, ao invés de se reinventar, artisticamente - de dentro para fora, pseudo-artistas passam a se modelar de fora para dentro.
A arte e o entretenimento, que trilhavam caminhos muito estreitos, e que se relacionavam e se confundiam nos primórdios da nossa civilização, passaram a caminhar paralelamente. Na Grécia, a arte era chamada de musa e servia para que o homem, um ser incompleto, pudesse sentir-se pleno, ao se conectar ao divino e, assim, tornar-se parte do todo.
Hoje, quando se preocupa demais em ser vendável ou com a audiência, ou, ao contrário, quando alguém se entende como uma unanimidade eterna (divindade) e pensa que pode fazer qualquer coisa, o artista quebra o contrato, que foi feito de forma tácita, onde o público lhe elegeu narrador de suas aventuras, contador de casos, causos e piadas, dançarino, intérprete, etc. Por sua forma original de fazer ou refazer algo, por sua singularidade, de onde vem sua arte e, por causa dela, a admiração de todos.
Como já escrevi outra vez, citando meu amigo Beto Silva: “O artista só é artista quando atua.” E essa atuação no dia-a-dia, vai além de criar e apresentar novidades, ela é toda sua rede, sua sede de saber, conhecer e experimentar, seja na vida acadêmica, teórica ou prática, somada ao seu interesse, não apenas de viver essas aventuras, mas principalmente, de dividi-las.
Ao questionar a vida e a si mesmo, reinventar frases, palavras e significados, assim como sua própria visão de mundo, “observando e absorvendo”, como diria Eduardo Marinho, o artista torna-se capaz de mudar de dentro para fora e, ainda assim, ser ele mesmo, afinal, isso é o próprio amadurecimento. E sua arte é seu fruto, fruto da sua experiência. E, acima de tudo, é genuína, legítima, autêntica e verdadeira.
Estes dois tipos de música, representam dois mundos paralelos em nossa arte, o primeiro, onde o artista é alguém que cria (mesmo quando copia) e segue seus impulsos e intuição, esteja ou não na mídia, sendo sempre alguém que produz e o segundo, onde o “artista” se esforça para atender as demandas do mercado e ser quem o público e a mídia quer, tornando-se um produto, que só tem valor enquanto se dispõe a estar à venda.
Há quem diga que já foi preciso escolher entre os prazeres mundanos da fama e a imortalidade da obra. Mas, creio que uma postura tão polarizada não seja mais necessária nos dias atuais. Quando se está começando, muitas vezes é preciso se fazer concessões, principalmente, quem já vive exclusivamente de arte, porém, quase sempre, é perceptível tanto para o público quanto para os colegas do meio, o seu esforço em andar com um pé em cada mundo.
Não é preciso escolher um dos lados, não é uma batalha. Mas é preciso estar sempre vigilante e questionando a si, as oportunidades e ao mundo. Lembrando que o amor é o melhor terreno para se construir qualquer coisa, pois é fértil e busca sempre o crescimento. Se essa constante inquietação andar de mãos dadas ao amor, buscaremos sempre um melhor caminho e um entendimento, fugindo do vazio e dos excessos do ego.
Aproveitem o carnaval com essa moderação!!! Até a próxima!!!

   

Coluna de Janeiro/17 para o Jornal Portal

Há algum tempo se pode viver da música. Desde que foi criada uma indústria, isso tornou-se possível. Mas nesta selva, a maioria das profissões que vive dela, não é a de músico e, sim, advogados, contadores, empresários... Uma gama imensa de profissionais que criam, investem, divulgam, vendem, consomem, recolhem e repassam direito autoral. O músico é só um pequeno pedaço deste enorme processo.
Não se trata de uma queixa, mas de uma constatação. As dinâmicas da sociedade se transformaram e criaram necessidades e espaço para profissões que se relacionam com a música, dependem dela, mas que são distantes dela e de seu dia-a-dia. Há um século, não havia radialistas, comentaristas, DJs, MCs, tampouco gerente de arrecadação de direito autoral... 
É bom que se diga que o músico não é o dono da Música, embora, em muitos casos, nos portemos como seus porta-vozes. Talvez, isso se dê, por fazermos a conexão entre o imaterial e o material e, por isso, nos sintamos no direito de defendê-la, apesar disso ser, de fato, muito subjetivo. 
Em nossa sociedade, há espaço para um publicitário, dizer para um músico, que a sua música não está boa, para um empresário decidir quem entra ou sai, quem toca ou não. Enquanto para alguns isso é lógico, faz parte das regras do mercado e da vida, para outros, viver para a música o seria.
Obviamente, viver para alguma coisa, sugere algo mais nobre. Uma atitude altruísta, de doação. Que só pode acontecer se questões muito básicas, relacionadas à dignidade, também acontecessem.
Para que alguém possa se dedicar, exclusivamente, a uma carreira, é preciso que sua mente esteja tranquila, sem preocupações sobre suas contas... A satisfação e a motivação para trabalhar, vêm, tantas vezes, de algo simples de se alcançar, longe do luxo, mas que muitos, não fazem ideia de que pode estar faltando a este ou àquele trabalhador.
A vida glamurosa que as TVs e revistas insistem em mostrar, retratam a realidade de uma minoria. Historicamente, o músico era alguém da tribo que além de seus afazeres, nas ocasiões festivas do calendário cantava ou tocava seu instrumento. A música já estava presente na vida do ser humano há milhares de anos.
Com o passar do tempo, o aumento da população, da concentração de renda e as especializações de cada profissão, os músicos passaram a atuar também nas cortes e palácios, onde eram pagos para serem músicos. Vale lembrar que, em sua maioria, este pagamento consistia apenas no sustento básico: moradia, alimentação e vestuário.
O patrocínio sempre teve grande importância no incentivo aos artistas. Posteriormente, através das instituições e criação de cargos públicos, eles passaram a receber salário e ter seus direitos. Apesar disso, muitos músicos conhecidos aqui no Brasil, não tiravam seu sustento da música. 
Por mais genial que fosse, nem sempre, o músico obtinha sucesso financeiro. Em sua maior parte, conseguiam fama, ou então, reconhecimento do trabalho ou da obra. Só depois dos Beatles, época da criação da indústria, já no século XX, é que foi possível, para alguns, fazer fortuna através dela.
Apesar das histórias sobre a boemia, traições e confusão, a maioria dos músicos vive uma vida comum, imerso nas partituras, nos compromissos e prazos da profissão. Só quem é, tem vizinho ou músico na família, sabe o quanto se estuda, para que um trecho que dura segundos, fique perfeito. 
Por isso, em alguns países, existe a prática de complementar a renda do músico, baseando-se no cachê que recebe no mês, assim o profissional consegue equilibrar suas contas e dedicar-se ao trabalho. Esta é uma forma de fomentar e estimular novos músicos a entrarem no mercado.
Essa discussão é análoga a quase todas as profissões e deveria acontecer em diversas esferas, afinal, o mercado tornou-se indústria e isso abrange tudo - desde o pão até a medicina. Tudo virou produto industrial. Com uma prática que, embrulha e manda, que afasta os profissionais do vínculo e do afeto. Estamos imersos nesta sociedade e, por isso, não conseguimos nos afastar o suficiente para entender de onde estamos vindo e para onde vamos. É, realmente, difícil!
Mas vamos ficar atentos e vamos dialogar! Cada um tem sua visão, mas a história que escrevemos é a mesma. Vamos ouvir, refletir e, principalmente, por em prática nossas palavras? Juntos!!!

Até a próxima e um 2017 de muita luz e mudanças!!!   

Coluna de Dezembro/16 para o Jornal Portal

Gostaria de agradecer imensamente a Renata Couto e ao Ricardo Malize, pelo sarau “Baú de cordas”, evento do jornal Portal, realizado no dia 18 de Novembro, no qual tive o prazer de mostrar junto com meu amigo, parceiro e irmão Vicente Paschoal, nossas composições.
Apesar de tocar, profissionalmente, há mais de 20 anos, ter feito apresentações em várias cidades do Brasil e, até, lá fora, mostrar o lado autoral não é fácil. Estava muito nervoso. E de lá para cá, tenho tentado elaborar alguma explicação: Será falta de prática, que gera falta de intimidade com as canções e a sensação de insegurança? Será o fato de expor demais minha intimidade ao expor uma canção autoral? Será que as composições são como filhos, que apesar de conhecermos seus limites, amamos incondicionalmente e não queremos ver ninguém desdenhar ou proferir qualquer julgamento? Espero conseguir respostas...
Queria agradecer também às pessoas que nos prestigiaram com sua presença e que se mantiveram atentas por mais de uma hora, nos emprestando seus ouvidos e corações, apesar de ser uma apresentação considerada difícil, sem músicas conhecidas, sem refrões e sem lalaiá... Tive a grata surpresa de perceber o quanto havia ali, pessoas disponíveis a desbravar o novo, tatear no escuro e conhecer o que para nós era um tesouro guardado no baú.
Nesses baús, guardamos lembranças que trazem e geram sentimentos comuns a todos e que são parte natural de nossas vidas. Mas, por algum motivo, alguns de nós nascem com uma inquietação constante. Um incômodo no peito e nas ideias que só se aquieta quando colocado para fora, como um grito ou um choro, algo que está preso na garganta e precisa se libertar. Uma necessidade, que por ser abstrata, pode fluir através de diversas formas de expressão como a música, a letra, a poesia, a pintura, o canto, interpretação cênica, etc. Até mesmo de um texto, como é o caso deste.
Também é interessante observar que, por ser natural, segue seus próprios caminhos, como a água que vai para o rio e dali para o mar. Por mais que passe por elaborações da nossa mente, formas consideradas boas ou não, toda essa inquietação tem um destino certo - O outro. E é tão importante poder mostrar e dividir, como, para o outro, ouvir, saber que existe, identificar-se com esta inquietação, pois muitas vezes, é através de alguém, que conseguimos manifestar nossas angústias ou então, não conseguiríamos.
Digo isso porque na maioria das vezes eu sou o outro e, embora nem sempre tenha tido o prazer de conhecer pessoalmente os responsáveis, tive a sorte de conhecer suas obras e experimentar a sensação de gratidão, pois vivendo e compartilhando sua arte me fizeram sentir; disseram o que eu precisava ouvir ou, até mesmo, me ajudaram a verbalizar o que sentia e precisava dizer em muitas situações.
Tive muitos professores na arte, professores de música e de vida, artistas que não conheci, mas que me ensinaram através do seu olhar, como proceder, como reagir, o que vale a pena, o que não, etc. A arte nos conecta e auxilia. Além destes mestres, outra forma de conexão e aprendizado também acontece através dos parceiros e artistas contemporâneos que são referências, onde é possível haver um espelhamento: Se o artista que admiro, reconhece o que eu faço e me reconhece como um artista, então eu sou um artista.
Sendo assim, agradeço também aos meus parceiros, que me fizeram compositor ao me reconhecerem como tal: Vicente Paschoal, Dario Tavares, Sergio Machado, Nanando Silva, Marcelo Biar e Ricardo Dias, através dos quais faço representar a todos os outros que não poderei citar, pois tornaria a leitura enfadonha.
Vou aceitando devagar e humildemente essa missão, pensando, também, que, talvez, seja uma forma de ser menos egoísta e mais generoso. Se não for porque acho o que faço maravilhoso e imprescindível, que seja porque entendo que outros se reconhecerão e poderão extravasar seus fantasmas, através dessa minha contribuição. O que para uns é trivial, para outros pode ser um belo insight.
Meu amigo Beto Silva, artista plástico e ator, sempre me disse que artista só é artista enquanto está exercendo, seja no palco ou na calçada, não importa. Antes e depois disso ele não é nada. Creio que isso encerre essa elaboração. Temos que seguir essa vocação: missão dada, missão cumprida! Não depende mais de nós, trata-se da própria vida que urge.

Obrigado e até a próxima!

Coluna de Novembro/16 para o Jornal Portal

Esses dias, no facebook, vi uma foto de uma fita cassete com uma frase mais ou menos assim: “Era com esse pendrive que nossos pais faziam download das músicas da rádio.” Achei a analogia perfeita! E me fez pensar no quanto era difícil, para nós, obter uma música, ou ainda, saber quem cantava, quem eram os músicos que tocavam, de quem era o solo da guitarra, do sax ou sei lá... O tape-deck era a única forma de registrar aquela música ou parte dela, pra depois correr atrás e mostrar pra tia, vizinho, primo, amigo pra saber quem tinha alguma pista.

Se encontrar essas informações era difícil, imagina saber qual era o violão que os caras tocavam, quais os efeitos que usavam na guitarra, qual o amplificador, teclado, equipamento... Também era quase impossível ter acesso a uma partitura ou tablatura, para saber exatamente como era a digitação no braço, a palhetada ou o dedilhado. Tínhamos que “tirar de ouvido”, aprender a regular o instrumento ou efeito sozinhos, buscando o som.

Hoje a garotada tem muita informação e tendo a achar que isso é bom, pois eles têm muito mais acesso à coisas que, na época, poderíamos demorar anos para saber. Porém, existe uma desvantagem que eu divido em duas partes: falta de vontade e excesso de informação. Quando conseguimos algo sem esforço, normalmente não valorizamos, Freud explica fácil! E quando existe um google (dez elevado a dez bilhões) de informações, muitas vezes o que é importante passa despercebido na nossa frente.

Existe um filme do Gene Hackman, no qual ele e sua filha são advogados e atuam em lados opostos, ele defende vítmas de acidentes e ela a compania de carros. Ele solicita, em juízo, um relatório que pode ser a chave para vencerem o caso e ela envia todos os relatórios existentes na empresa e fora da ordem. E ele percebe que, mesmo juntando toda sua equipe, não encontraria o documento a tempo. Que menina malcriada, né?  
Pois é, essa foi a estratégia de não dar a informação, dando muito mais do que o necessário. O final do filme vocês vêem... O nome é “Julgamento final”.
Noto, compondo, que tudo que utilizo na minha composição, fica gravado em mim, impresso. É como se dali em diante aquele acorde, ritmo ou frase passasse a ser minha propriedade e passo a reconhecê-lo melhor, sempre que ouço. Por isso, na minha linha pedagógica, defendo que o estudo da música deve ser abordado através da composição. Isso faz com que a informação recebida seja usada e se transforme em conhecimento. Mesmo para os alunos que já definiram que serão executores (players), pois a boa interpretação vem da compreensão do discurso que será executado.
Nas aulas, percebo muitas vezes que o aluno tem bastante conhecimento e pouca conexão entre seus saberes, não há uma linha construtiva do conhecimento, uma base sobre a qual erguemos os pilares. Coisas bobas como: o som não se propaga no vácuo, ou seja, sabe aquela explosão do filme? Não teria som... O som é uma onda mecânica, ou seja, qualquer alteração no seu meio, que é o ar, pode alterá-lo. Cante na frente de um ventilador... A amplitude da audição humana é de 20 a 20.000 Hz, mas existe som abaixo e acima disso, chamados de infra e ultra-som, respectivamente. Sabe aquele apito que ninguém ouve? O cachorro ouve. E é chato. Irrita o bicho... A nossa musica é feita sobre freqüências definidas, o que não está muito definido, chamamos de ruído.
Então, além do silêncio e do som (definido) que darão origem a música (ritmo, melodia e harmonia) ainda existem condições fisiológicas, psicológicas e culturais.
No Ocidente, chamamos de uníssono quando todos tocam ou cantam a mesma nota ao mesmo tempo, porém, como não somos robôs, ninguém consegue iniciar e acabar no mesmo milésimo de segundo, tampouco tocar cravado o Lá 440Hz - por exemplo. Por isso, nossa percepção acochambra... 
Existe uma história que, num país do Oriente, durante um solo enlouquecido de violino, de uma música dificílima de Paganinni, o solista foi ovacionado e enquanto, na parte mais tranquila, a música foi vaiada, pois eles ouviam notas diferentes entre os violinos da orquestra, que tocavam, acreditem, em uníssono! Vai dormir com um barulho desses!

Até a próxima!

Coluna de Outubro/16 para o Jornal Portal

Certa vez, um maestro que assumira o cargo de secretário de cultura de sua cidade natal, onde voltara a morar depois de se aposentar, contava a um repórter do canal Futura, a evolução, perceptível, que as crianças das escolas públicas estavam experimentando ao entrarem em contato com a música, nas aulas que haviam sido implementadas em sua gestão.

As aulas dividiam-se em teóricas, práticas de instrumento e de conjunto, onde tocavam e se apresentavam, durante um tempo, com um instrumento de orquestra e, ao final do período, trocavam por outro, fazendo com que, cada aluno, passasse por todos os instrumentos ensinados. Os diretores e pais, comentavam, sobre a melhora em seu desempenho global, concentração e, até mesmo, comportamento e cooperação.

Perguntado se as crianças teriam futuro na música, o maestro respondeu que mais importante que formar músicos era formar ouvintes. As crianças passavam a conhecer mais sobre música, inclusive, sobre as que ouviam. Criava-se ali, a oportunidade de formar um gosto e uma opinião própria. 

Assim, entendo que o ouvido que “pensa”, pode querer uma música “cabeça” ou, num momento de lazer, uma música para “balançar o esqueleto”, o entretenimento não deveria ser um fator limitante e, sim, mais uma oferta. O indivíduo que teve o “ouvido treinado”, sabe que esta não pode ser a única oferta e, muito menos, a única demanda, afinal quanto mais diversificadas elas forem, mais poderão fomentar a diversidade da expressão musical. A arte é, normalmente, profunda e muito abrangente enquanto o mercado é restrito e superficial, por isso, alguém antenado deve aprender a reconhecer e lidar com essa oferta demasiada, sem ser, de forma alguma, excludente, pois existem casos de concomitância.

A música Clássica, Erudita, Instrumental, Choro, Samba, MPB, Forró, Rock, Jazz, Blues, Soul, Pop, Reggae, Pagode, Sertanejo e suas misturas, são um pequeno e, por rotular, limitado exemplo da extensa diversidade cultural musical a que temos acesso nos circuitos de programação pelo Brasil afora. Conhecê-los gera novas experiências e, se pensarmos bem, sua existência significa que existe público que demanda, frequenta e se identifica com eles.

Sua grande variedade é desproporcional a sua presença nos grandes canais de comunicação, pois estes têm orientação, exclusivamente, mercadológica e não cultural. A possibilidade da identificação de crianças que viveram esta formação cultural, com um artista ou gênero musical, além de saciar o gosto musical, futuramente, pode criar nichos que poderiam ser melhor aproveitados num mercado menos concentrador.

Nosso acesso a novos músicos criando, gravando, divulgando e apresentando suas produções, era muito limitado e só se tornou possível por conta da internet que “democratizou” a demanda cultural, porém hoje, também já tem seu modelo de mercado e procura direcionar nossas buscas. Navegar é preciso!!!

Vivemos numa época em que buscamos muitas recompensas pelo nosso trabalho e sempre temos a justificativa do “eu também sou filho de Deus”. Não temos paciência para digerir um livro, um disco, nem para esperar um microondas terminar de esquentar uma lasanha industrializada. Por isso, acabamos consumindo enlatados, música engessada, congelada e "sem sal". Através da experiência relatada pelo maestro, podemos perceber como é importante que não sejamos tão passivos e tenhamos, nas mãos, as rédeas do que ouvimos, para o nosso amadurecimento e das futuras gerações.

Aproveitando esta época eleitoral, desejo a todos que tenham muita consciência e os convido a pensar como seria aplicação desta experiência em escala nacional? Seria um salto qualitativo para nossa sociedade? Política de verdade? Afinal a educação questiona, transforma e liberta, não é?


Até a próxima!!!

Coluna de Setembro/16 para o Jornal Portal

Eu acreditava que não deveria estudar para não podar meu “dom”. Sempre gostei dessa coisa de autodidata... O Guinga, era na época, ainda desconhecido do grande público, amigo de pelada do meu pai e eu, assim como muitos daqui do Grajaú, que estavam começando a tocar, iamos ao seu consultório na Barão do Bom Retiro (ele é dentista). Mas não íamos só tratar dos dentes, íamos tocar, quer dizer, ficar babando vendo-o tocar sozinho ou com seus seus padrinhos de casamento: Hélio Delmiro e Gilson Peranzetta, entre outros que iam visitá-lo. Ele dizia: “Se fizerem aula, podem perder essa espontaneidade.” Aos 20 anos, ele acompanhava João Nogueira, Cartola entre outros… Sabe o dom? Eu não tinha. E, hoje, sei que não existe, é fruto da admiração de quem não toca, parte do imaginário popular.

(Dom é um estágio avançado de percepção e/ou habilidade. Existem pessoas que nascem com afinidade para determinadas tarefas ou com uma fisiologia que facilita seu aprendizado ou execução, como o ouvido absoluto, por exemplo, que distingue os sons como cores: basta que se diga uma vez à pessoa o nome de uma determinada nota e ela nunca mais esquece.

O contato com a música desde cedo, nas famílias que têm músicos, também é uma grande influência e pode criar um ambiente muito favorável para o aprendizado desta linguagem, como uma imersão numa língua estrangeira, trazendo muita experiência e naturalidade. Mas, curiosamente, a habilidade, afinação, conhecimento, técnica etc. São coisas que se ganha ao estudar. Como disse Thomas Edison: “Um pouco de inspiração e muita transpiração”.

Você pode nunca vir a se tornar o Mozart e é bom que se diga que, dois alunos podem ter resultados bem diferentes, mesmo começando a tocar na mesma época, o mesmo instrumento, o mesmo número de horas por dia e com o mesmo professor. Mas se pode superar (e muito) as pessoas e, até, artistas que tinha como referência. São as horas de vôo, quanto mais temos, mais somos maduros. Não se trata de estudo formal, mas do quanto se debruça sobre o assunto, estes gênios, além do "dom" [vocação] tinham, conhecimento, muita prática e eram “fominhas” pensavam em música 24 horas por dia.)

Eu tocava e fazia música de forma intuitiva, imitando ou chegando a lugares que já conhecia - reinventando a roda. De vez em quando criava algo diferente, não sabia explicar o porquê e nem como fazer novamente… Muitas perguntas e poucas respostas, termos que eu entendia e muitos que achava que entendia. Como gravar uma música que compus para um festival? O que fazer? Então, na época em que trabalhava na vistoria de veículos do Detran, (emprego para universitários [fiz Psicologia na UFRJ]), conversando com o violonista Marco Pereira, a quem atendi, obtive a óbvia resposta: “Vai estudar! Tem hora que o baile vira mesmice.”

Só mais tarde, depois de estudar comecei a entender... Sim, o Guinga tinha certa razão, pois por um tempo fiquei meio podado e quadrado. Mas, passei a escrever minhas músicas e as dos outros para tocar e registrar, fazer os arranjos dos grupos que trabalhava e de outros compositores. Estava alfabetizado! E, de repente, começaram a me pedir para dar aula, arranjar e tocar em gravações. E, com o tempo, aquelas informações se tornaram naturais e começei a sentir novamente aquele impulso primitivo, novos acordes, um jeito novo de tocar, saber buscar a sonoridade, o meu jeito, meu gosto, minha impressão digital (musical) - era só buscar o som - conhecendo outros músicos, revendo conceitos e certezas, quebrando paradigmas e compreendendo que, ao invés de verdades, era melhor ter base para experimentar e vivenciar tudo o que quisesse, filtrando as informações e experiências, assimilar o que fosse relevante naquele momento sem perder o chão.   




Coluna de Agosto/16 para o Jornal Portal

Salve! Salve! Me chamo Marcelo Martins de Marsillac, mais conhecido no bairro como China. Já toquei muito Raul na pracinha e agora que o Paulo Almeida não poderá mais continuar, fui honrado com o convite, da direção do jornal, para assumir a coluna de música.
Espero poder colaborar, compartilhando experiências e trazendo questões interessantes e relevantes para discussão, através de tudo que se relaciona com a música. Sucesso Paulo! Obrigado Renata e Ricardo!
Bom, a primeira tarefa para que fui designado, foi apresentar meu trabalho. Como sou avesso a apresentação curricular, vou tentar contar, numa ordem cronológica, as coisas que me foram acontecendo, muitas vezes, por acaso ou necessidade.
Como sempre gostei de música, sem perceber, fui me tornando um colecionador de discos e pesquisador de música: Comprei disco do Boca Livre e conheci Geraldo Azevedo, num disco dele, conheci Elomar, no outro, Dori Caymmi. E foi assim com Milton, Djavan, Chico, Elis, sempre conhecia um através do outro, lia a ficha técnica e corria atrás dos músicos, produtores, arranjadores e compositores.
Paralelo a isso, começei a tocar violão e meio que por conseqüência, compor músicas (com e sem letra) pois, antes disso, já era metido a escrever poesia. Ouvindo aqueles discos, fui apresentado a muitas composições e sonoridades, sons da viola caipira, violão de 12 e me tornei, aos poucos, um compulsivo por instrumentos de corda.
Mais tarde foi havendo a necessidade de compreender e escrever o que fazia com os parceiros e comparsas, para registro e gravação, por isso, estudei percepção, teoria, harmonia e arranjo. O que me permitiu trabalhar, para outros também, com edição de partituras pra registro, arranjos, produção de faixas ou discos, arregimentação de músicos para eventos ou gravação e direção musical.
O maior crescimento foi dar aula: dominar os conteúdos pra poder abordar o mesmo assunto de diversas formas e influenciar o mínimo possível na escolha e no gosto dos alunos, sendo um amigo mais experiente, que não ensina, mas que ajuda a assimilar, mostrando um novo ponto de vista ou vários.
Como instrumentista e cantor, fui tocando nos "bailes" e na "noite", ganhando experiência, repertório, confiança e aprendendo que existem mundos distintos dentro da música: os músicos que "tocam de ouvido" e os que "tocam por música". Na maioria das vezes, ao se colocar a partitura na frente de alguém que toca de ouvido o cara trava. Da mesma forma, se tirar a partitura de alguém que lê, o cara esquece até o nome.
Poucos navegam, à vontade, nas duas praias. Mas ambas são importantes para a vivência plena da música. Infelizmente, enquanto uma está mais voltada para o entretenimento, a outra está mais voltada pra arte. É claro que o ideal seria que houvesse uma convergência e, dessa interação, surgisse uma música de qualidade de que gostássemos e consumíssemos.
Hoje, porém são realidades bem distantes. O que dá dinheiro, quase sempre, não é o que o músico gosta de tocar e vice-versa. Atualmente, existem raras exceções e deveríamos, como sociedade, correr atrás disso. Mas para mudar é necessário educação.
Uma vez, o Lenine disse no Jô, que os discos da tropicália eram esquisitos e os shows fenomenais. Ao contrário do show do pessoal do clube da esquina, que deixava a desejar, se comparado aos seus discos. E ele procurou por toda sua carreira fazer "discos do clube da esquina" e "shows do Gil, Caetano e Mutantes". Também existe muita diferença entre os mundos do palco e do estúdio.
Vou tentando me equilibrar na corda bamba, entre o entretenimento e a arte, o estúdio e o palco, a partitura e o ouvido, trabalhando como professor e compositor, atuando como músico em várias bandas e integrante de alguns grupos, entre eles o Toque de arte, grupo vocal de samba, que, creio, ser o que tem mais destaque, com dois discos e um DVD (em processo de finalização).

Até a próxima!!!
https://www.youtube.com/watch?v=uR3D6I5WJkc
https://www.youtube.com/watch?v=HqGxNUdXL-E
https://www.youtube.com/watch?v=Zuxrc8Qjf0g&index=2&list=PLZftCdGuHYyOujq0DkWii9lyLHWf00Usk
https://www.youtube.com/watch?v=Dmd2faPVPYM&list=PLZftCdGuHYyOujq0DkWii9lyLHWf00Usk