Não se trata de filosofia barata, mas da maneira que podemos enxergar as coisas. Vou explicar: os genuínos gênios, muitas vezes, têm pouco conteúdo intelectual. Não são letrados, graduados, com mestrados, doutorados, dezenas de livros lidos ou escritos. Mas, pessoas comuns. Em quase tudo.
Entretanto, simplesmente,
sabem muito de alguma coisa. Se destacam. Não adianta perguntar porquê,
como, quando... E todos os cinco dáblios... Pois não saberiam dizer.
Eles simplesmente sabem. E, realmente, sabem.
Houve
época em que o saber se bastava. Durante a idade média, tais revelações
passaram a exigir cuidadosas explicações. Mas parece que, de algum
tempo pra cá, começou a se perceber que este fenômeno é natural.
Fala-se
sobre deuses, karma, reencarnações, inconsciente individual ou
coletivo, arquivos akáshicos... Existem diversas explicações. Todas sem a
chancela científica, de poder ser repetida de forma controlada e
comprovada.
Infelizmente, o processo que garante a “verdade científica”, também engessa a conduta em muitos aspectos. Fazendo-se despender muita energia demonstrando como se obteve um resultado, restando pouco tempo para sua aplicação. Muitas vezes, esse conhecimento só será usado décadas depois.
O custo de
não errar é o tempo, que para nós, se esgota rapidamente. Apesar disso,
pensando em pessoas mais próximas à “curva normal”, é importante nos
darmos conta de que trazemos em nosso íntimo, em maior ou menor grau,
este saber, que mistura instinto e intuição, influenciando nosso livre
arbítrio.
Sempre pensei que até mesmo um
cientista precisa ter fé... Só isso explicaria porque seguiu o caminho
que deu certo e não o outro, que colegas de renome seguiam e dava
errado. Eduardo Marinho, a quem muito admiro, diz que nossa razão
trabalha sobre o que nosso sentimento escolhe.
Sabendo disso e somando-se o fato de que ninguém
erra porque quer, mas, sim, porque acredita que está no caminho certo
ou, então, porque julga levar alguma vantagem; devemos ter a certeza de
que, somente, a empatia e o diálogo, podem nos fazer perceber atitudes e
pensamentos equivocados.
Ciente das minhas limitações e procurando não sair da trilha que considero um caminho mais coerente, busco, sempre, nesses homens admiráveis, ideias que me alicercem os pensamentos. Não me torno escravo do que pensam, apenas, faço minha mistura, meu MMC. E essa sabedoria interna, me acalenta ou incomoda, dependendo das escolhas que faço.
Diálogos construtivos pressupõe abertura, pois ideias diferentes são, tantas vezes, complementares e podem formar o principio dialético de tese, antítese e síntese. Como todos somos ouvintes e as canções trazem em si pontos de vista distintos, tornam-se a ferramenta mais adequada, universal, através da qual se pode apresentar e discutir ideias, sem disputa.
O primeiro passo é ouvir, perceber que os outros pontos de vista existem, que não estamos sozinhos, não somos donos da verdade... Depois refletir sobre o que foi dito, tentar compreender, se colocar no lugar de quem clama, reclama, grita, chora, ri, tentando dizer algo... Então, já se pode dialogar com o outro.
A música é tão humana, que invade mentes facistas, comunistas, centristas, anarquistas... E faz pensar, quem quer pensar. É a maneira mais eficiente de ensinar sobre a vida. Seja ouvindo, falando sobre, compondo ou, até, tocando.
Numa resposta à romântica “Eu preciso aprender a ser só” de Marcos e Paulo Sérgio Valle, Gilberto Gil fez “Eu preciso aprender a só ser”. Creio que nesse mundo de tantas certezas, verdades, brigas, rachas e desentendimentos; está nos faltando a oriental busca de, apenas, “sermos” e “deixarmos ser”.
É preciso entender que ainda não entendemos o que significa liberdade, democracia, responsabilidade e igualdade. Mas que, apesar de tudo, temos a música e, como disse Nietzsche, sem ela, a vida seria um erro.
Até a próxima!